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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sai, Urucubaca!!! Saravá, São Jorge!!!

Sinopse

Para Nunca Mais Esquecer – É difícil existir algum ser humano que não tenha se queixado do andamento de sua vida. A não ser que seja rico. Todos têm problemas, principalmente de ordem financeira. Então, surgem questões na mente das pessoas. “Por que será que não progrido na vida?”, é uma delas. Cada um avalia e interpreta de um jeito a sua sina. Mas, e se alguém quiser enveredar para o lado místico-macumbeiro da história? A influência do sobrenatural no cotidiano das pessoas....Saravá, meu Pai!

Trecho

          “...Dias depois, sem que sua mãe soubesse, Zélio resolveu ir consultar o pai-de-santo. Pai Lumumba, um octogenário macumbeiro, que pela sua idade avançada só atendia casos especiais. O velho recebeu Zélio e o tio num pequeno cômodo de sua paupérrima casa, forrado de estátuas e quadros de entidades do além, velas coloridas, patuás...
        ¾ Saravá, meu Pai Lumumba! Trouxe o meu sobrinho para tomar um passe especial. Este não progride na vida! Tá atolado até o pescoço!
        E o preto velho, fumando cachimbo, respondeu, com intervalos para tossir muito:
           ¾ Hum! Hum! Suncê tá cum us caminhu fechadu, zifiu!... Cóf! Cóf! U véio pódi inté sinti as vibração negativa. É o Exú-Caveira e o Caboclo Tranca-Rua infernizando a tua vida, fiu... Cóf! Cóf! Eles são danadu! Percisamu disfazê di quarqué forma us trabaio qui ti amarrô... Cóf! Cóf! Arrrggghhhhh...cóf!...cussppp! Suncê percisa é di um banhu di discarregu i um dispacho inspeciar... Cóf! Cóf!
        Pai Lumumba orientou que Zélio Caçamba seguisse à risca os seus preceitos. Naquele momento quase que teve de abrir um guarda-chuva, pois toda vez que o velho tossia, os perdigotos caíam sobre o pobre infeliz. Foram intermináveis quinze minutos. Período que teve de aturar um festival de baforadas de cachimbo, fumaça de incenso e uma chuva de perdigotos:
        E prescreveu ao seu incrédulo paciente:
           ¾ Vamu quebrá essi tabu. Cóf!, Cóf! É Mandiga dá braba. Suncê vai num sumitério e pula trêis túmbalu di pretu, trêis di brancu i trêis di japoneis. Cóf!, Cóf! Issu qué dizê as união das raça du nossu Brasir. Numa sexta-feira de lua cheia, meia-noite em ponto. Adispois, suncê sai di fastu, oiando pra frenti, sirugando uma vela vermeia. Quando suncê tivé du ladu di fora du sumitério, é só dizê: “Saravá, São Jorge!” Prontu, é uma maravia. Tu vida vai miorá uma belezura adispois dissu!
        Depois de uma pequena pausa do velho, só se ouviu de Zélio:
        ¾ E-eu t-tenho m-m-medo! O senhor vai comigo, tio Germano?!
        E o preto velho arrematou:
           ¾ É sozinhu fiu, sinão num faiz efeitu, num faiz,  não!... Cóf! Cóf!...”

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