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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Durma Bem Para Não Despertar a Fera Que Existe Dentro de Você


Sinopse

O Incrível Luque – Qual homem não quis um dia ser uma montanha de músculos só para papar as raparigas das redondezas? Este conto mostra bem o que pode acontecer quando desejos e sentimentos primais ficam retidos nas intrincadas profundezas de nosso ser. Podemos ficar verdes de raiva...ou azul!

Trecho

              “...Luquevaldo Esmeraldo Hulquilino já tinha “entregado pra Deus”. Desistiu de conquistar as moçoilas do pedaço há tempos. Era um poço de carência afetiva. Magricela, quase raquítico, com os ossos insistindo em aparecer mais que a pele, o pobre rapaz já não almejava mais buscar uma companhia para um enlace matrimonial. Então, sua vida era só o estudo. Casou-se com os livros. Gênio na matemática, ultimamente havia deixado momentaneamente o teorema de Pitágoras, pi radiano, álgebra, seno e cosseno, trigonometria e outros bichos, para mergulhar na literatura fantástica da ficção científica. Tornou-se um leitor ávido pelo tema. 
           Luquevaldo morava com dona Gioconda, uma tia solteirona, e com o seu avô, o sr. Phillomeno; que vivia preso a uma cadeira de rodas, debilitado pela idade avançada e por enfermidades. Na hora de dormir dividia o quarto com o seu avô. Não raramente ia parar no sofá, por causa da flatulência do seu progenitor, que deixava o quarto inabitável. Não bastasse este problema, o ronco do adoentado ancião, que mais parecia a turbina de um Boeing, o impedia de adormecer. Com o sono fragmentado, dividido em capítulos, parecendo uma novela, acordava invariavelmente de péssimo humor.
              Dormir não era tarefa fácil, e nunca se esquecerá de uma noite quando foi expulso do quarto pelas características de seu avô. Tentou se acomodar na garagem, mas o galo do vizinho parecia inspirado, não parava de cantar. Nem sendo alvo de iradas tijoladas fez com que o penoso de crista parasse de esgoelar madrugada adentro. Foi para o sofá, mas as molas do antiquado móvel resolveram naquele momento, como que sindicalizadas, saltarem de suas centenárias posições. Desesperado, tentou pernoitar dentro do armário embutido do banheiro, entre sapatos com meias fedendo chulé e roupas urinadas de seu avô, mas nem conseguiu respirar. Sem alternativas particulares partiu para o domínio público: foi dormir no banco da praça. Morto de cansaço desmoronou o seu combalido corpo. Só acordou no outro dia sentindo bater um ventinho gostoso da manhã... havia sido assaltado e deixado nu em plena praça...”

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